Um novo estudo publicado na renomada revista Nature mostra que o aquecimento da Terra tem sido o mais rápido e intenso nos últimos 2.000 anos. Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo derrubam a hipótese sustentada pelos céticos das mudanças climáticas de que o aquecimento é um fenômeno cíclico. O principal argumento dos negacionistas é de que os períodos de aquecimento e resfriamento do clima são fenômenos cíclicos. De fato, os pesquisadores identificaram vários episódios de oscilações importantes do nosso clima, como o Período Quente Romano (entre 250 d.C e 400 d.C) que durou até a Pequena Era do Gelo, quando houve uma redução das temperaturas entre os anos de 1300 a 1850.
No entanto, os cientistas reconstruíram o padrão climático dos últimos 2.000 anos utilizando elementos que permitem tirar informações sobre o clima ado, tais como sedimentos de lago, corais, anéis de árvores, gelo etc. Apesar da variabilidade natural do clima existir, os pesquisadores identificaram que nenhum desses eventos climáticos ados ocorreram em escala global ao mesmo tempo.
Variações da temperatura global nos últimos 2.000 anos. pic.twitter.com/U7nVNyPOoR
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) July 27, 2019
“Utilizamos reconstruções paleoclimáticas globais nos últimos 2.000 anos e não encontramos evidências de épocas frias e quentes pré-industriais globalmente coerentes”, escreveram os autores. Segundo os mesmos, realmente na Pequena Era do Gelo era mais frio em todo o mundo, mas não em todos os lugares ao mesmo tempo. Ou seja, o pico dos períodos quentes e frios pré-industriais ocorrem em diferentes momentos e lugares.
Por exemplo, os pesquisadores dizem que o Oceano Pacífico central e oriental apresentou temperaturas mais frias durante o século XV. Já o sudeste da América do Norte e o noroeste da Europa, experimentou o resfriamento ao longo do século XVII. Enquanto isso, a maioria das outras regiões do globo foram mais frias no século XIX.
A pesquisa mostra também que o período mais quente dos últimos 2.000 anos se deu provavelmente no século XX e cobriu mais de 98% da superfície terrestre, ao mesmo tempo. “Isso nos dá fortes evidências de que o aquecimento global antropogênico (induzido pelo homem) não é apenas incomparável em termos de temperaturas absolutas, mas também sem precedentes na consistência espacial dentro do contexto dos últimos 2.000 anos”, escreveram os pesquisadores.
We had the warmest June on record, ahead of June 2016, confirms @NOAA. It was the 43rd June and 414th consecutive month above 20th century average. Jan-June tied as second warmest such period on record. #climatechange pic.twitter.com/FJc0ImGV7f
— WMO | OMM (@WMO) July 18, 2019
“As descobertas devem finalmente impedir que os céticos das mudanças climáticas afirmem que o aquecimento global observado recentemente é parte de um ciclo climático natural”, disse Mark Maslin, da Universidade do Reino Unido em Londres à BBC.
Os negacionistas utilizam ainda como argumento para o não aquecimento global os extremos frios que ocorrem em partes do mundo. Entretanto, uma das consequências do aquecimento global é exatamente o aumento de eventos extremos, sejam eles ondas de frio ou calor. Embora às variabilidades naturais do clima (El Niño, La Niña, Oscilações do Ártico, Antártica etc) possam modular eventos extremos, existem evidências de que o aumento da temperatura no planeta também atua como forçante desses eventos.