A região sul da Ásia é conhecida pelas monções, mas ciclones tropicais também são comuns de serem observados nessa região do globo. A Baía de Bengala por exemplo, possuí um histórico de sistemas de baixa pressão relacionados a fortes trovoadas, o que incluí as depressões monçônicas do período chuvoso e até ciclones tropicais mortais.
Yikes. Cyclone #Fani rapidly intensifying as it approaches India. pic.twitter.com/V4NZzhb9OM
— Alex Lamers (@AlexJLamers) 2 de maio de 2019
O estado de Orissa, é o 9° maior da Índia e apresenta uma população superior a 45 milhões de habitantes. Em outubro de 1999, Orissa foi golpeado por um super ciclone tropical de categoria 5. Na época, a agem do sistema foi responsável por mais de 10 mil mortes e um prejuízo econômico estimado em 4,44 bilhões de dólares, sendo o ciclone mais forte da história desse estado.
No começo da madrugada desta sexta-feira (hora do Brasil), o ciclone tropical Fani de categoria 4 fez landfall (momento em que o centro do sistema entra no continente) na altura do estado de Orissa e de Bengala. Até o momento, os ventos intensos já provocaram destelhamentos, quedas de inúmeras árvores e outro transtornos, como a queda de uma grua de construção!
Chaos caused by the super cyclone #Fani is terrifying, My heart cries for odisha.#FaniCyclone pic.twitter.com/kFyDKKvt9h
— akash (@humorousenigma) 3 de maio de 2019
De acordo com a escala Saffir-Simpson, um ciclone tropical de categoria 4 é responsável por ventos sustentados que variam de 209 a 251 km/h. No entanto, as rajadas podem superar os 251 km/h. Além dos fortes ventos, os ciclones tropicais são acompanhados por chuvas intensas com potencial para inundação, alagamentos e exurradas. Onde Fani está em Orissa, há inúmeros rios e, portanto, é provável que inundações impactam os povoados indianos.
Curiosamente, o ciclone tropical Fani teve sua gênese durante a transição da fase 2 para a fase 3 de um evento intenso da Oscilação Madden-Julian (OMJ). Essas fases do fenômeno correspondem a forte convecção tropical na parte centro-leste da bacia do Índico tropical.
Por volta do dia 25 de abril, duas zonas de baixa pressão se desenvolviam no Índico leste em resposta a OMJ, uma ao norte do equador (Hemisfério Norte) e a outra ao sul do equador (Hemisfério Sul). Com o ar dos dias, ambas regiões ciclônicas se intensificaram e foram guiadas para latitudes mais altas dos seus respectivos hemisférios, através das ondas de Rossby da OMJ.
Nos últimos dias, um forte evento da Oscilação Madden-Julian produziu dois ciclones tropicais no Índico leste. No Hemisfério Norte, o ciclone atingiu a categoria 4 na Baía de Bengala, a mesma em que o sistema estava ao adentrar a costa da Índia nesta sexta-feira. pic.twitter.com/03WC5Myrlk
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) 3 de maio de 2019
No dia 27 de abril, a baixa do Hemisfério Norte atingiu a categoria de tempestade tropical a leste do Sri Lanka, setor sul da Baía de Bengala. Desde então, o sistema ou a ser monitorado por diversas instituições internacionais de meteorologia. As águas quentes acima dos 30°C na baía, e o baixo cisalhamento vertical do vento (pouca variação do vento com a altura), foram essenciais para a forte intensificação de Fani.