A Sibéria, uma das regiões mais frias do planeta, tem atingindo extremos de temperatura máxima nunca antes observados na região do Círculo Polar Ártico. As altas temperaturas estiveram associadas a incêndios florestais, um enorme derramamento de óleo e uma infestação de mariposas que comem árvores!
O mês ado foi confirmado pelo Serviço de Mudanças Climáticas da Copernicus como o maio mais quente da história global. As temperaturas mais extremas do mês ocorreram em partes da Sibéria, onde algumas localidades registraram temperaturas da superfície 10°C mais quentes que o habitual. Mas não foi apenas o mês de maio, todo o inverno e primavera boreal registraram períodos em que a temperatura esteve bem acima da média.
Unusual events in Siberia have been in the news. In fact, our May temperature summary showed higher than average temps over wide areas, by as much as 10°C.
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) June 12, 2020
We used #CopernicusClimate Change Service's resources to take a closer look at what's happening️https://t.co/bHPpQbPLzc pic.twitter.com/NaSNY2d9Ux
Cidades russas localizadas no Círculo Polar Ártico registraram temperaturas extremas, como Nizhnyaya Pesha que atingiu 30°C no dia 9 de junho e Khatanga, que normalmente registra temperaturas de 0°C durante essa época do ano, atingiu 25°C em 22 de maio.
De acordo com os meteorologistas, o inverno desse ano foi o mais quente na Sibéria desde o início dos registros a 130 anos atrás! As temperaturas médias estiveram 6°C acima do esperado para a estação. Isso fez com que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressasse sua preocupação em relação ao calor extremo e o derretimento do permafrost (tipo de solo congelado encontrado na região do Ártico).
Widespread #Siberia #wildfires are producing a lot of heavy smoke predicted to recirculate over Chukotka & Sakha Republic in coming days by latest @CopernicusECMWF Atmosphere Monitoring Service @ECMWF aerosol forecast https://t.co/248qWnjG83 @CopernicusEU #ArcticWildfires pic.twitter.com/B1olE4Ms1D
— Mark Parrington (@m_parrington) June 20, 2020
O derretimento do permafrost foi culpado, em parte, pelo grande vazamento de milhares de toneladas diesel na Sibéria no início de junho, o que levou Putin a declarar estado de emergência. Incêndios florestais também têm atingido centenas de milhares de hectares de floresta na Sibéria. Durante a primavera os agricultores da região costumam usar o fogo para limpar a vegetação, porém, as altas temperaturas e ventos fortes fizeram com que muitos desses incêndios ficassem fora de controle.
Além disso, enxames de mariposas de seda da Sibéria, cujas larvas se alimentam nas árvores coníferas, cresceram rapidamente com o aumento das temperaturas. Essa infestação pode trazer consequências trágicas às florestas, pois com as larvas se alimentando das árvores, elas ficam mais fracas e mais suscetíveis aos incêndios.
No último final de semana as temperaturas extremas atingiram um novo recorde preocupante. A cidade de Verkhoyansk, localizada no nordeste da Sibéria, a 5 mil km a leste de Moscou, registrou nesse sábado (20) uma temperatura de 38°C, a mais alta já documentada no Círculo Polar Ártico! Quando confirmada, esse registro quebrará o recorde anterior de 37.3°C, estabelecido em julho de 1988, e será a temperatura mais quente já registrada no Ártico desde 1885.
No domingo (21) a mesma cidade registrou temperatura de 35.2 °C, mostrando que a temperatura registrada no sábado não foi um acaso. A média de temperatura máxima para o mês de junho em Verkhoyansk é de apenas 20°C!
Temperatures reached +38°C within the Arctic Circle on Saturday, 17°C hotter than normal for 20 June. #GlobalHeating is accelerating, and some parts of the world are heating a lot faster than others.
— UN Climate Change (@UNFCCC) June 22, 2020
The #RaceToZero emissions is a race for survival.
Dataviz via @ScottDuncanWX pic.twitter.com/NIKeAYdiJd
Durante o inverno, Verkhoyansk é um dos pontos mais frios do mundo, com temperaturas que frequentemente caem abaixo de -50°C. A temperatura na cidade já chegou a -67.8°C em fevereiro de 1892. Portanto, a diferença entre o recorde de temperatura mínima e o recente recorde de temperatura máxima é de 105.8 °C!
Outras cidades próximas de Verkhoyansk também atingiram a marca de 30°C na semana ada, algo bem incomum para essa época do ano, apesar de já ser verão no Hemisfério Norte. Essas temperaturas foram causadas por uma grande área de alta pressão que permanece estacionada sobre essa região.