A Grande Barreira de Corais da Austrália sofreu branqueamento generalizado e severo devido, principalmente, ao aumento da temperatura do oceano. As regiões central e norte dessa Grande Barreira de Corais apresentaram os níveis mais altos de cobertura de corais desde 1985, ano em que o Instituto Australiano de Ciências Marinhas (AIMS) começou a monitorar o Recife.
Central & northern #GreatBarrierReef record highest coral cover in 36 yrs.
— Australian Institute of Marine Science (@aims_gov_au) August 3, 2022
Our Long-Term Monitoring Program reports continued coral cover️across much of the Reef &️in the south due to coral-eating starfish.
Report: https://t.co/nM91eEMmCH
Full video: https://t.co/0t46rI0a8H pic.twitter.com/2T4kntYRJp
A recuperação dos trechos central e norte do Recife, listado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, contrastou com a região sul, que perdeu a cobertura de corais devido a surtos contínuos de estrelas-do-mar da coroa de espinhos. De acordo com suas pesquisas acerca do Recife, o AIMS definiu que a cobertura de corais acima de 30% é considerada um valor alto.
Na região central, a cobertura média de corais ou de 12% (2019) para 33% (2022); enquanto na região norte houve um aumento de 13% (2017) para 36% (2022). Em contrapartida, na região sul (que geralmente tem maior cobertura de corais do que as outras regiões) a cobertura caiu de 38% (2021) para 34% (2022). Isso ocorre após o quarto branqueamento em massa em sete anos e o primeiro durante um evento de La Nina, que normalmente está associado a temperaturas mais baixas.
De acordo com o relatório do AIMS, as regiões central e norte apresentaram um rápido retorno aos danos causados, devido a um tipo de coral chamado de Acropora. O CEO da AIMS, Paul Hardisty, afirma que embora essas duas regiões apresentem um sinal de serem um sistema resiliente, por se recuperarem dos danos causados ao longo do tempo, a região sul demonstra como o Recife ainda é vulnerável a “contínuos distúrbios agudos e graves que estão ocorrendo com mais frequência e são mais duradouros”.
O branqueamento em 2020 e 2022 não foi tão prejudicial quanto em 2016 e 2017. Mas a frequência desses eventos de perturbação está aumentando, especialmente os eventos de branqueamento em massa de corais: que ocorre quando o coral, em resposta às condições estressantes como o calor, perde seus pigmentos e algas simbióticas, ficando branco e potencialmente morrendo.
O líder do programa de monitoramento do AIMS, Mike Emslie, afirma que é comum na estação do verão o Recife correr o risco de estresse térmico, branqueamento e potencial mortalidade; mas, a compreensão de como o ecossistema responde a esses fatores ainda está em desenvolvimento e deve ser aprimorada. Pois, o aumento das temperaturas dos oceanos e a extensão dos eventos de branqueamento em massa destacam a ameaça crítica que as mudanças climáticas representam para todos os Recifes.
Em Março de 2022 houve uma visita de especialistas da UNESCO ao local para analisar a possibilidade de listar a Grande Barreira de Corais como “em perigo”. A reunião do Comitê do Patrimônio Mundial para tratar do Recife deveria ser realizada na Rússia em Junho de 2022, mas foi adiada após a invasão à Ucrânia. O governo australiano tem tratado esse assunto com cautela, tentando impedir o Recife de ser rotulado como “em perigo”, pois isso poderia impactar a indústria de turismo multibilionária do país.