Pesquisadores descobriram que flamingos utilizam uma variedade de técnicas suepreendente para criar redemoinhos e vórtices na água, facilitando a captura de pequenos organismos como camarões de salmoura.
Esses métodos envolvem desde uma dança em que eles batem os pés no fundo do lago, até movimentos bruscos da cabeça e rápidos estalos com o bico debaixo d'água, tudo para concentrar as presas e levá-las diretamente à boca.
Isso mostra que, embora aparentem estar calmamente alimentando-se em lagos rasos e alcalinos, os flamingos estão, na verdade, gerando uma verdadeira tempestade debaixo da superfície.
Eles utilizam seus pés palmados e flexíveis para levantar sedimentos, que são então puxados para cima com um movimento rápido da cabeça, criando vórtices verticais. Além disso, podem manter o bico de cabeça para baixo, produzindo estalos que geram pequenos redemoinhos, canalizando a comida para dentro da boca, onde ela é então filtrada.
Outro comportamento observado é a técnica chamada skimming, na qual o flamingo desliza o bico enquanto o bate rapidamente, criando vórtices laterais que ajudam a direcionar as presas para dentro do bico. Os pesquisadores descobriram que o bico dos flamingos é adaptado para essa técnica peculiar de alimentação, funcionando quase como uma peneira.
O estudo, liderado por Victor Ortega-Jiménez, foi publicado nesta semana. O cientista, que se descreve como um naturalista moderno, iniciou sua investigação após observar flamingos em zoológicos, intrigado com o que ocorria abaixo da superfície da água.
Por meio de experimentos com modelos impressos em 3D, observações em campo e simulações computacionais, a equipe demonstrou que a movimentação coordenada dos pés, cabeça e bico cria vórtices capazes de concentrar e capturar até mesmo criaturas muito ágeis, como artêmias e copépodes.
Essa descoberta nos mostra que, ao invés de serem simples filtradores ivos, como se acreditava, os flamingos são na verdade predadores ativos, capturando presas móveis com estratégias complexas de manipulação da água. Estudos adicionais investigarão como a língua e as estruturas filtrantes do bico contribuem para capturar presas em águas salobras ou tóxicas.
A comunidade científica já está de olho nessas pesquisas, pois as técnicas extremamente eficientes do flamingo podem ser recriadas em outros cenários - como sistemas de filtragem de microplásticos e até mesmo robôs capazes de se locomover em ambientes pantanosos. E a natureza se mostra, mais uma vez, a nossa maior professora.
Flamingos use their L-shaped beak and morphing feet to induce vortical traps for prey capture. 12 de maio, 2025. Ortega-Jimenez, et al.