Quase 40% das geleiras do mundo já estão condenadas, dizem cientistas

As condições são péssimas: segundo um novo estudo, quase 40% da massa total das geleiras do mundo já está destinada a desaparecer, mesmo se houvesse uma estagnação no aquecimento global.

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Estudo indica que, mesmo que as temperaturas globais parassem de subir hoje, cerca de 39% da massa glaciar total já está condenada. Crédito: freepik.

Já falamos muito sobre esse fenômeno, mas não custa relembrar… O derretimento das geleiras é causado principalmente pelo aquecimento global, impulsionado pelas atividades humanas, como a emissão de gases de efeito estufa.

Este processo tem sérias consequências, como a elevação do nível do mar, impactos nos ecossistemas e no fornecimento de água, além de riscos de inundações e deslizamentos.

E pesquisadores calculam que as consequências do aquecimento global para as geleiras já são irreversíveis, mesmo se as temperaturas parassem de aumentar, com cerca de 40% das geleiras já estando comprometidas. A informação foi divulgada em um artigo recente na revista Science.

Os resultados do estudo

Segundo o estudo, as geleiras globalmente perderão 39% de sua massa total até 2100, em relação a 2020, correspondendo a uma elevação média global do nível do mar de 113 mm, mesmo que as temperaturas se estabilizem nas condições atuais.

E essa perda sobe para 76% se o aquecimento global atingir o aumento de 2,7°C, para o qual o mundo está atualmente caminhando, e longe dos limites acordados do Acordo de Paris. Isso corresponde a 230 mm de subida do nível do mar.

Cada décimo de grau de aumento evitado economizaria 2,7 trilhões de toneladas de gelo, segundo os pesquisadores.

De fato, estudos indicam que o planeta está atualmente caminhando para um aquecimento de até 2,9ºC até 2100; e cada aumento adicional de 0,1 grau entre 1,5ºC e 3ºC de aquecimento resulta na perda de mais 2% da massa glacial global, prevê o estudo.

O derretimento varia de acordo com a região, dependendo da exposição de cada geleira às mudanças climáticas, mas uma coisa é certa: todos os modelos mostram a mesma tendência de derretimento de geleiras.

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A porcentagem de perda de massa global das geleiras sobe para 76% se o mundo seguir nas atuais trajetórias de emissão de gases de efeito estufa, incapazes de manter o aquecimento abaixo de 1,5°C. Crédito: Emilio Mateo.

Por exemplo: as geleiras no oeste e nordeste do Canadá, no oeste dos Estados Unidos, na Escandinávia e no Ártico Russo estão entre as particularmente ameaçadas. As do Canadá e dos EUA já estão com 75% delas condenadas ao derretimento.

As geleiras nas altas e frias montanhas da Cordilheira Hindu Kush e da Cordilheira Karakoram (ambas na Ásia) são mais resilientes, mas ainda assim diminuirão significativamente com o aumento das temperaturas globais.

Além da elevação do nível do mar, o derretimento das geleiras aumentará o colapso de lagos de gelo, que devastam comunidades a jusante, e a perda de ecossistemas, enquanto as regiões dependentes do turismo glacial também sofrerão.

Apesar de tudo, os autores querem "ar uma mensagem de esperança". "Com o estudo, queremos mostrar que, com cada décimo de grau a menos de aquecimento global, podemos preservar o gelo glacial", disse Lilian Schuster, pesquisadora da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e coautora do estudo, à CNN.

Referências da notícia

Nearly 40% of the world’s glaciers are already doomed, scientists say. 02 de junho, 2025. Issy Ronald.

Glacier preservation doubled by limiting warming to 1.5°C versus 2.7°C. 29 de maio, 2025. Zekollari, et al.

Almost 40% of world’s glaciers already doomed due to climate crisis – study. 29 de maio, 2025. Damian Carrington.