O aquecimento global é um processo que, impulsionado pela emissão de gases de efeito estufa, torna a temperatura média global cada vez mais elevada, em comparação com a era pré-industrial.
Esse aumento de temperatura é responsável pela mudança nos padrões climáticos globais, resultando nas tão faladas mudanças climáticas. Apesar do fato de que para muitas pessoas o aquecimento global é sinônimo de mudança climática, não é assim, pois são causa e consequência.
E embora desde a sua origem o nosso planeta tenha sofrido inúmeras mudanças climáticas, a atual difere de todas as anteriores por dois motivos principais:
O aumento da temperatura não impacta apenas a atmosfera: os oceanos absorvem 92% do excesso de calor causado pelos gases de efeito estufa que provocam esse aquecimento global, que favorece a elevação do nível do mar, entre outros processos negativos como a acidificação dos oceanos, ao sequestrar o excesso dióxido de carbono da atmosfera.
Essas mudanças colocam em risco a segurança alimentar do planeta. Algumas regiões dos continentes ou oceanos que antes eram mais frias agora estão se aquecendo... ou vice-versa. O mesmo vale para as chuvas. E isso cria vencedores e perdedores com as mudanças climáticas.
As tartarugas marinhas definem o seu sexo pela temperatura da areia onde os ovos são incubados: as fêmeas nascem acima dos 31°C e os machos nascem abaixo dos 27°C. E neste contexto de mudanças climáticas, com ondas de calor mais frequentes, as tartarugas marinhas enfrentam um declínio preocupante da sua população.
Outras espécies, porém, serão favorecidas pelo aumento das temperaturas. E o campeão de todos eles é a lula gigante, vencedora indiscutível do aquecimento global.
Tal como acontece com as tartarugas marinhas, a temperatura é importante para garantir os processos reprodutivos da lula. Nesse caso, o desenvolvimento de seus ovos depende da temperatura da água, que precisa ficar entre 10°C e 16°C para que o processo seja bem-sucedido. E em certas espécies de lulas, temperaturas mais altas aceleram o processo de eclosão.
O Architeuthis, um cefalópode conhecido como lula gigante, ao experimentar pequenos aumentos na temperatura do ambiente onde está localizado, pode se encontrar em uma zona de conforto onde sua vida pode ser mais fácil, segundo pesquisa publicada no International Journal of Global Warming.
E é que, ao contrário de outras espécies, os cefalópodes (invertebrados marinhos entre os quais podemos encontrar polvos e lulas) são caracterizados por sua grande adaptabilidade a rápidas mudanças em seu habitat, graças às suas características biológicas. Segundo um estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, as populações dessa espécie cresceram significativamente nos últimos 60 anos.
As altas temperaturas devido ao aquecimento global é um dos principais fatores que aceleram os ciclos de vida dos cefalópodes, fazendo com que sua população aumente em todos os oceanos do planeta.
O bom de tudo isto é que devido às mudanças climáticas, em um futuro não muito distante, poderemos ter um bom prato de lulas à mesa com mais frequência, para acompanhar com uma cerveja bem gelada.
A desvantagem é que, com a mudança climática, a cerveja se tornará cada vez mais rara e cara porque o aumento das temperaturas afetará o rendimento e o preço da cevada.
A felicidade nunca é completa.