Alguns meses depois do estado do Acre viver uma situação caótica com as cheias dos rios, agora é o estado do Amazonas que está sendo duramente afetado pelo transbordamento de seus rios.
Praticamente todo o estado tem sido afetado, segundo a Defesa Civil do Amazonas, 58 dos 62 municípios estão enfrentando problemas causados pelas cheias dos rios, 25 deles já decretaram situação de emergência. O total de pessoas afetadas já a de 414 mil!
Cerca de 16 639 mil famílias amazonenses tiveram perdas na produção agrícola devido às enchentes dos rios, de acordo com um balanço divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). Entre as culturas mais afetadas estão a de bananas, hortaliças, mamão e mandioca. O valor das perdas já soma mais de R$ 189 milhões.
Além de perderem grande parte das lavouras, os produtores também veem seu gado ar fome devido a redução do pasto. Alguns criadores chegaram a construir tablados de madeira flutuantes, as chamadas marombas, porém o gado não resiste muito tempo nessa situação pela falta de alimento.
Na capital, Manaus, a cheia do Rio Negro já é a segunda maior dos registros históricos que datam desde 1902 e está apenas alguns centímetros de bater o recorde! Nesta sexta-feira foi medido o nível de 29,95 metros no Porto de Manaus, apenas 2 centímetros abaixo da marca histórica de 29,97 metros marcada em 21 de maio de 2012.
O nível do Rio Negro está tão alto que os barcos atracados na região central de Manaus já alcançam a altura da calçada. Algumas ruas da capital amazonense já foram completamente interditadas, pelo menos 15 bairros da cidade têm pontos de alagamento e cerca de 24 mil pessoas estão sofrendo com a cheia do Rio Negro, situação que fez com que a cidade decretasse situação de emergência.
Grande cheia do Rio Negro inunda centro de Manaus. Nível segue subindo, superou a cheia de 1953 e hoje já é a 2a maior cota em 120 anos #manaus #cheia #amazonas #rionegro #amazon pic.twitter.com/yPTopqaDBy
— Rogério Marinho (@r2marinho) May 25, 2021
Diversos pontos históricos de Manaus já foram atingidos pelas águas, como a Praça do Relógio e o Prédio da Alfândega. A Defesa Civil já construiu 4 quilômetros de pontes de madeira na capital e a estimativa é que mais 7 quilômetros tenham que ser construídos. Em alguns bairros, os moradores só conseguem se locomover por canoas e algumas famílias chegaram a improvisar casas em barcos.
A cidade de Parintins já registra sua maior cheia da história, o transbordamento do Rio Amazonas já afeta cerca de 47 mil pessoas na cidade. A cidade de Anamã tem 100% de sua área alagada pelas águas do Rio Solimões. Em Manacapuru, onde o Rio Solimões chegou à marca de 20,72 metros, mais de 40 mil pessoas foram afetadas e 1 067 foram desalojadas.
As cheias são eventos comuns e já esperados na região Norte do Brasil, porém poucas vezes na história elas chegaram a tamanho grau de severidade. Alguns padrões de variabilidade climática estão associados a esses episódios extremos.
No caso da cheia histórica desse ano, e também a de 2012, a fase negativa do padrão El Niño Oscilação Sul, a La Niña, foi a responsável por gerar acumulados de chuva bem acima da média climatológica nos meses de verão na região Norte.
"O que modula a circulação da atmosfera é a condição dos oceanos. Desde 2020, está em curso o fenômeno La Niña (resfriamento das águas). Isso faz com que a zona de formação de nuvens seja empurrada para áreas mais ao norte da região."
— Serviço Geológico do Brasil (@RM_Oficial) April 30, 2021
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Com os rios ainda em fase de cheia e os efeitos da La Niña ainda presentes na atmosfera, mesmo após seu fim decretado, os especialistas esperam que o episódio de cheia deste ano seja o maior da história! De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (RM) a previsão é que o Rio Negro chegue até 30,35 metros, ultraando o recorde de 2012!