Sempre que ouvimos falar do processo de formação de um ciclone extratropical, muitas expectativas e até medos são gerados, afinal, uma tempestade dessa pode provocar chuva forte e volumosa, vendaval, queda de granizo e ressaca com ondas acima de 2,5 metros de altura. Não há dúvidas que transtornos são gerados e muitas vezes prejuízos são deixados como rastro de onde o sistema ar.
Neste início de semana, uma intensa tempestade se formou no Pacífico Sul e ao ar pelo processo de ciclogênese (a formação de um ciclone) surpreendeu os meteorologistas devido ao potencial de novo recorde mundial com o menor centro de pressão atmosférica na casa de 899 hPa.
Estudos apontam que outros ciclones com pressão mínima super baixa já se formaram em diferentes lugares do globo. Inclusive, o recorde mundial atual ainda é considerado o que aconteceu em 12 de outubro de 1979 durante o pico de intensidade do Super Tufão no Pacífico com pressão mínima de 870 hPa. A tempestade tropical estava se aprofundando em águas abertas perto da ilha de Guam, nos Estados Unidos. Saiba mais em: Recordes mundiais de baixa pressão. Parte 1.
Normalmente, tempestades desse tipo costumam atingir valores mínimos de pressão atmosférica na casa de 910-920 hPa, o que já são considerados valores baixos e acendem o alerta para possíveis problemas caso cheguem a lugares habitados como áreas costeiras.
Vale ressaltar que existem muitos registros e recordes antigos, e que agora, em era mais morderna, novos registros apontam para valores mínimos de pressão atmosférica na ordem de 915 hPa quando em tempestades no Atlântico Norte como a de 15 de dezembro de 1986 quando a tempestade atingiu 916 hPa.
Uma outra curiosidade no mundo científico e meteorológico é sobre a queda de pressão atmosférica quando falamos em tornados. As pressões caem muito rapidamente e valores mínimos em torno de 850 hPa podem ser registrados, inclusive, já houve registro na histórica nessa ordem.
Foi o que aconteceu e surpreendeu meteorologistas de todo o mundo, quando a maior queda de pressão atmosférica foi registrada em Dakota do Sul com um tornado F-4 na Escala Fujita no dia 24 de junho de 2003. O fenômeno aconteceu próximo a cidade de Manchester.
O gráfico acima mostra a medição da queda de pressão ocorrida durante o tornado que atingiu a escala F-4, forte o suficiente que conseguiu devastar uma fazenda por completo na ocasião. O estudo foi publicado ainda em 2004 pela Weatherwise.
Para começo de conversa, vale salientar que registros barométricos (de pressão) para muitos ciclones mais intensos que geralmente se desenvolvem nos mares ao redor da Antártida são difíceis de serem medidos com precisão.
Tal área é considerada pobre em dados observados na superfície, e por isso, as estimativas atuais são baseadas em modelos numéricos. A boa notícia é que com o avanço da tecnologia e das pesquisas, algumas estações conseguem medir os valores em tempo hábil.
Parece que nosso mega-ciclone lá na Antártida está batendo o recorde MUNDIAL de ciclone extratropical mais intenso já registrado <3 https://t.co/lHAlT4ojlG
— Luiz, o dos ciclones (@wxluizfelippe) October 17, 2022
Os modelos GFS e ECMWF fizeram a antecipação das pressões atmosféricas na casa de 899 hPa no caso desse tempestade em fase de ciclogênese. Aliás, a tempestade está sendo alimentada por ventos fortes e tem se destacado quando comparada a outras tempestades ao redor do globo devido ao potencial novo recorde mundial.
Um possível resultado dessa tempestade que está afetando áreas de mar aberto são os ventos intensos, com rajadas estimadas em torno de 110-120 km/h, sendo consideradas níveis de rajadas de um furacão.