A atual onda de calor favoreceu a subida da isoterma de zero grau na Suíça. O nível de congelamento é, normalmente, inferior a 5.000 metros de altitude. No entanto, na madrugada de segunda-feira, 25 de julho, isso foi registrado a uma altitude de 5.184 metros, segundo a MeteoSwiss, Gabinete Federal de Meteorologia e Climatologia da Suíça. A medição foi feita com uma balão-sonda lançado a partir da estação de Payerne.
Anteriormente, tinha sido atingido um recorde de 0°C a 5.117 metros: desde 1995 que a isoterma de zero grau não ultraava os 5.000 metros. Tendo em vista que o ponto mais alto da Suíça é o Dufourspitze (Pico Dufour), a 4.634 metros de altura, todos os picos montanhosos do país estavam, no momento, com temperaturas superiores a zero graus. Esta situação desestabiliza as geleiras e as massas rochosas, podendo levar à queda de gelo glacial e a deslizamentos de terra, dado que não caiu muita neve durante o inverno.
Esta última medição bateu um recorde de quase 30 anos. O evento está relacionado a uma massa de ar quente que, durante a noite de 25 de julho, se estendeu para os Alpes, elevando a temperatura em vários pontos. Durante o verão, as altas temperaturas também prejudicaram estes picos montanhosos, o que levou ao cancelamento do trajeto clássico de subida à famosa montanha Jungfrau, devido ao perigo de avalanches.
As geleiras nos Alpes estão caminhando para suas maiores perdas de massa em pelo menos 60 anos de registros, segundo um comunicado da Reuters. Os cientistas analisaram a taxa de derretimento de uma geleira a partir da diferença entre a quantidade de neve que caiu no inverno e a quantidade de gelo que derreteu no verão. Desde o inverno ado, duas ondas de calor atingiram os Alpes e as consequências têm sido devastadoras.
The current #heatwave directly affects the melt rate of alpine #glaciers. On #Findelgletscher, the daily cumulative mass balance at our #holfuy station has exceeded its summer average of 2019-2021 (red line ️) for 7 days in a row now! #glacierselfiestick #glaciermelt pic.twitter.com/PAxLA4I4J0
— VAW Glaciology (@VAW_glaciology) July 21, 2022
Com as mudanças climáticas, a maioria das geleiras do mundo está recuando. Além disso, os Alpes, por possuírem uma extensão menor e uma camada de gelo fina, têm estado mais expostos às temperaturas extremas. Entretanto, têm-se observado um aumento da temperatura nos Alpes em torno dos 0,3°C por década: eles estão aquecendo mais rápido e aproximadamente o dobro da média global, destaca a Reuters.
As projeções climáticas indicam que "se as emissões de gases de efeito estufa continuarem aumentando, espera-se que as geleiras nos Alpes percam mais de 80% da sua massa atual até 2100". Tendo em vista a situação atual, teme-se que as geleiras possam desaparecer antes do previsto. "Estamos vendo que os resultados esperados para daqui algumas décadas já estão acontecendo agora", diz Matthias Huss, diretor da Glacier Monitoring Switzerland (GLAMOS). Se não forem tomadas medidas a tempo, as geleiras estão destinadas a desaparecer e esta é uma notícia terrível.