Amostras de asteroides, pequenos pedaços de rochas, são importantes para o estudo da formação do Sistema Solar e da possível origem da vida no planeta Terra. Esses fragmentos são constituídos por elementos essenciais como água, carbono e moléculas orgânicas, que podem ter contribuído para a formação do nosso planeta.
E por isso, algumas missões espaciais já pousaram e coletaram amostras nestes corpos celestes. As análises dessas rochas em laboratórios terrestres permitem extrair informações mais informativas, usando por exemplo, tomografias e microscópios eletrônicos.
Essas missões espaciais foram realizadas pelos Estados Unidos e pelo Japão; e mais recentemente, uma está em desenvolvimento pela China. Entenda abaixo a importância dessas missões, desde o processo de coleta das amostras até o seu retorno à Terra e as análises laboratoriais posteriores.
Esta missão, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), tinha como objetivo coletar amostras do asteroide Ryugu e trazê-las à Terra para análise. Ela foi lançada em dezembro de 2014, chegou ao asteroide em fevereiro de 2019 e retornou à Terra em dezembro de 2020.
A operação foi um sucesso, demonstrando a capacidade do Japão de realizar missões espaciais complexas. A espaçonave robótica trouxe grãos escuros arenosos e pedaços do asteroide dentro de um compartimento da cápsula de pouso. Ryugu é rico em carbono e minerais hidratados do período inicial de formação do Sistema Solar.
As amostras revelaram, além do carbono, a presença de compostos orgânicos, como aminoácidos (essenciais para a formação de vida), uracila (um dos blocos de construção do RNA) e vitamina B3 (niacina). As análises também indicaram que o asteroide teve contato com água líquida e congelada no ado, e que a sua superfície é porosa, com baixa condutividade térmica. Os cientistas acreditam que ele era parte de um corpo muito maior.
O outro exemplo é a missão OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security-Regolith Explorer) da agência espacial americana NASA, que coletou amostras do asteroide Bennu, um asteroide próximo à Terra com cerca de 4,5 bilhões de anos. A espaçonave coletou com sucesso uma amostra do asteroide em outubro de 2020, e a cápsula de retorno da amostra pousou na superfície da Terra em setembro de 2023.
As análises da amostra revelaram um ado em Bennu com influência de água líquida, aminoácidos e todas as cinco bases que compõem o DNA e o RNA: adenina, guanina, citosina, timina e uracila. Foram identificados também amônia e matérias orgânicas ricas em carbono e nitrogênio, sendo estes dois elementos em uma concentração até 10 vezes maior do que o encontrado no asteroide Ryugu, estudado anteriormente.
Os cientistas encontraram também uma quantidade surpreendente de minerais salgados e relacionados à salmoura, os quais se formam quando a água evapora da superfície de uma rocha. Isso sugere que Bennu costumava ser úmido e lamacento, com um ambiente propício para a formação das moléculas orgânicas.
Então, os cientistas preveem que a Terra obteve seus ingredientes para a vida a partir de uma colisão com um asteroide como Bennu, ou seja, essa descoberta reforça a teoria de que rochas espaciais podem ter trazido os blocos fundamentais da vida para a Terra há bilhões de anos.
Esta é a missão chinesa de coleta de amostras de asteroides e encontro de cometa que está programada para ser lançada ainda em maio de 2025, com destino ao asteroide Kamoʻoalewa (2016 HO3). O objetivo é coletar amostras do asteroide e trazê-las à Terra por volta de 2027. Esta é a primeira fase da missão.
A segunda fase da missão, após a coleta da amostra, é deslocar a sonda principal em direção ao cometa 311P/PANSTARRS, localizado no cinturão principal, que possui características orbitais semelhantes às de um asteroide, mas também apresenta atividade cometária.
Ambas as fases visam fornecer informações sobre a composição e a evolução dos objetos próximos à Terra, além de compreender a distribuição de água e moléculas orgânicas, bem como a história do início do Sistema Solar.
Why collect asteroid samples? 4 essential reads on what these tiny bits of space rock can tell scientists. 13 de maio, 2025. Mary Magnuson.